Como as Redes Sociais Podem Impactar a Saúde Mental das Crianças?

Texto de Bárbara Stock – socióloga, empreendedora, cocriadora e apresentadora do Podcast Café Com Leite.

Sabemos que, hoje em dia, é difícil manter as crianças longe das telas. Seja a TV, o tablet ou o smartphone, os pequenos estão sempre conectados. Mas será que isso é saudável?

Tempo de Tela e Problemas de Desenvolvimento

De acordo com várias pesquisas, muito tempo de tela pode causar problemas de desenvolvimento em crianças. Se uma criança passa muito tempo na frente das telas aos dois anos de idade, isso pode afetar a coordenação motora, habilidades de comunicação e capacidade de resolver problemas até os cinco anos.

Especialistas recomendam que crianças pequenas não tenham acesso às redes sociais. A Academia Americana de Pediatria (AAP) vai além e sugere que crianças menores de dois anos não tenham nenhum tempo de tela, exceto para videochamadas. Isso porque o tempo de tela pode causar hiperatividade e problemas de atenção. Para crianças entre dois e cinco anos, a AAP recomenda no máximo uma hora por dia de conteúdo de alta qualidade.

Importância da Autossuficiência

A fase da primeira infância é crucial para o desenvolvimento das crianças. Durante esses anos formativos, elas estão aprendendo habilidades essenciais de vida, incluindo a capacidade de se acalmar sozinhas. Quando as crianças são constantemente entretidas por jogos ou vídeos, elas perdem oportunidades importantes para desenvolver essa autossuficiência emocional.

Aprender a autossuficiência é fundamental porque permite que as crianças lidem com suas emoções de maneira saudável e independente. Quando uma criança consegue identificar e regular suas emoções sem a ajuda de uma tela, ela está desenvolvendo resiliência e habilidades de enfrentamento que serão valiosas ao longo de toda a vida. Sem essa habilidade, as crianças podem se tornar mais vulneráveis a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, à medida que envelhecem. Além disso, a falta de habilidade para autossuficiência emocional pode aumentar o risco de dependência de substâncias, pois elas podem buscar em substâncias externas uma forma de lidar com sentimentos negativos.

Outro ponto importante é que, quando o tempo de tela é supervisionado, especialmente para os pequenos, isso permite que haja interação face a face com outra pessoa. Essa interação é vital porque ajuda as crianças a desenvolver habilidades sociais e emocionais, como empatia, comunicação e resolução de conflitos. Além disso, essa supervisão garante que o conteúdo consumido seja apropriado e educativo, promovendo um uso mais saudável da tecnologia.

Lidando com as Birras

E o que fazer com aquelas crianças que fazem um escândalo quando o tempo de tela acaba? Essas birras podem ser desafiadoras e desgastantes, mas é essencial que os pais mantenham a calma e não cedam. A consistência é fundamental para ensinar às crianças que fazer birra não é a maneira de conseguir o que querem. Se os pais cederem diante de uma birra, a criança aprende que esse comportamento é eficaz para alcançar seus desejos, o que pode levar a um ciclo vicioso de exigências e frustrações.

Estratégias para Manter a Calma e Ser Consistente

1. Estabeleça Limites Claros sobre o tempo de tela. Explique as regras e as razões por trás deles para que a criança entenda a importância desses limites.

2. Integre o tempo de tela em uma rotina diária previsível. Por exemplo, permita o uso de dispositivos apenas após as tarefas escolares e atividades físicas, e nunca perto da hora de dormir.

3.Utilize um timer para sinalizar o fim do tempo de tela. Isso ajuda a criança a visualizar quando o tempo está acabando e a se preparar mentalmente para a transição.

Ensinando a Lidar com Emoções Fortes

Em vez de usar a tela como uma forma de acalmar ou entreter, os pais devem ensinar as crianças a lidar com suas emoções de maneira saudável. Isso pode ser feito através de várias abordagens:

1. Modelagem de Comportamento.

Demonstre como lidar com frustrações de forma calma e controlada. Crianças aprendem observando os adultos, então mostre como você gerencia suas próprias emoções.

2. Nomeie Emoções.

Ajude a criança a identificar e nomear suas emoções. Diga algo como “Eu vejo que você está frustrado porque o tempo de tela acabou”. Isso valida os sentimentos da criança e facilita o diálogo sobre emoções.

3. Ofereça Alternativas.

Proponha atividades alternativas das quais a criança goste. Isso pode incluir brincar ao ar livre, desenhar, ler um livro ou jogar um jogo de tabuleiro. A chave é encontrar atividades que a criança ache envolventes e divertidas.

4. Ensine Técnicas de Relaxamento.

Introduza técnicas de relaxamento simples, como respiração profunda, contagem regressiva ou até mesmo um pequeno exercício de mindfulness. Essas técnicas podem ajudar a criança a se acalmar quando estiver chateada.

Nós publicamos um episódio do Café Com Leite falando sobre a raiva, com dicas bem legais, que você pode ouvir aqui: https://portalcafebrasil.com.br/cafe-com-leite-84-o-sentimento-da-raiva/

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Envolvimento Ativo dos Pais

A presença e o envolvimento ativo dos pais são essenciais. Durante o tempo livre, passe tempo de qualidade com a criança, participando de brincadeiras e atividades juntos. Isso não só fortalece o vínculo entre pais e filhos, mas também mostra à criança que há muitas maneiras divertidas e enriquecedoras de passar o tempo sem depender da tela.

Reforço Positivo

Elogie e recompense o comportamento positivo. Quando a criança lida bem com a transição do tempo de tela para outra atividade, reconheça esse esforço. O reforço positivo pode incentivar a repetição de comportamentos desejáveis e ajudar a criança a desenvolver uma abordagem mais saudável em relação ao uso da tecnologia.

Lidar com as birras de forma eficaz e consistente é um passo crucial para ajudar as crianças a desenvolverem habilidades emocionais importantes. Ao ensinar maneiras alternativas de lidar com emoções e propor atividades variadas, os pais podem criar um ambiente que promove o crescimento saudável e o bem-estar emocional dos seus filhos.

No fim das contas, a chave é o equilíbrio e a supervisão. Com um pouco de paciência e determinação, é possível ajudar as crianças a terem uma relação mais saudável com a tecnologia.

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